Por anos, tenho ouvido falar de Compaixão e formado uma ideia superficial do que ela vem a ser. Contudo, na semana passada, recebi uma missão que mudou completamente minha ideia sobre isso, e consequentemente adicionou profundidade ao meu entendimento da vida em si.
Deixe-me explicar melhor a situação. Recebi a tarefa de fazer quatro resumos sobre a vida de quatro grandes mulheres de Deus. São elas: Gladys Aylward, Heide Baker, Catherine Booth e Amy Carmichael. A princípio, achei que seria fácil, pois me entregaram até a fonte para o resumo, eu só precisaria ler e resumir.
Mas eu não contava com o poderoso testemunho de vida dessas mulheres. A ponto de precisar parar entre o terceiro e quarto resumo para orar. Havia dois dias que eu estava trabalhando naquilo e sentia meu coração incendiado. Comecei a entender muitas coisas, e vi o quanto precisava mudar. E para completar, me pediram para revisar um texto do meu mano Chai, que tinha como tema... ela mesma, a Compaixão. De repente, tudo começou a girar em torno disso, mas no sentindo mais profundo e completo da palavra.
Se você ainda não conhece a vida das mulheres acima, sugiro que pesquise sobre elas. Esse, com certeza, não será um tempo perdido, mas investido. Da vida de todas elas, pude extrair grandes lições. Primeiro que, para ser usado por Deus, eu só preciso me render totalmente a Ele, me entregar por completo, pois assim Ele pode me encher Dele, e a Sua vida passa a fluir em mim e através de mim, e assim também o Seu amor, que é demonstrado em forma de Compaixão. Também entendi que a base de tudo é um relacionamento íntimo com Deus; um relacionamento verdadeiro, não religioso. Pois tal relacionamento me fará depender Dele, confiando plenamente em Seu amor e fidelidade.
Eu sei o quanto tudo isso parece clichê e o quanto já ouvimos essa mensagem um milhão de vezes; mas percebi que não tenho pra onde fugir. Acho que, no meu egoísmo, já tentei fugir dessa realidade várias vezes sem perceber. Mas até quando?
Entendi que entregar-se por completo é sim entregar tudo o que há de precioso para mim, meus sonhos, planos, desejos... tudo. E essa entrega nem sempre quer dizer que realmente não terei mais aquilo; mas é preciso entregar, abrir mão. Entendi que preciso viver uma entrega em minha vida de tal maneira que Deus possa tirar qualquer coisa, por mais preciosa que ela seja para mim, a qualquer momento e eu continue confiando Nele e amando-O acima de todas as coisas. Entendi que preciso viver de tal forma que a única coisa realmente vital seja o próprio Deus. Pois afinal ELE é a VIDA em mim.
Tenho refletido sobre os meus desejos e sonhos e cheguei à conclusão de que, no fim da vida, só me sentiria realmente satisfeita e realizada se pudesse olhar para trás e ver que havia vivido os propósitos para os quais o Pai me criou; ver que abrir mão das minhas vontades havia valido a pena. De outra forma, a vida teria sido totalmente em vão. Cheguei à conclusão de que, se eu insistir em viver para realizar meus sonhos e desejos, viverei uma vida egoísta com uma felicidade momentânea que, no final das contas, não me satisfará.
Uma das relações que a Bíblia faz entre Jesus e o Seu povo é a dEle como o noivo e nós como Sua noiva. A ideia é de que vivemos a Sua espera, à espera do momento em que Ele virá nos buscar. Nossa motivação em viver, então, deveria ser a mesma que vemos em uma noiva semanas antes do casamento. Agora, ela não vive só para ela, mas para Ele. Está atrás de tudo aquilo pelo qual o Seu coração bate e se importa. Ela quer agradá-Lo a todo instante, em tudo. Nessa fase, é bem mais fácil abrir mão de coisas que gostamos para satisfazer nosso Amado. Os casados que o digam... rs...
Há ainda a relação de Paternidade. Deus abrindo mão de Seu único Filho, vendo-O sofrer para que muitos outros pudessem ser recebidos na família. E temos também Jesus como nosso irmão mais velho renunciando Seus direitos por amor a nós. Tudo isso para que pudéssemos ter VIDA, e vida em abundância. (Percebe como Vida e Renúncia estão intimamente ligados?)
A partir dessas relações, pude perceber que a essência da vida está em viver para os outros e não para si mesmo. E é aí que a Compaixão entra novamente... Que tal parar de olhar para mim mesma e começa a olhar para as necessidades das pessoas ao meu redor? Qual a sua ideia de Compaixão? Para mim, hoje, Compaixão é qualquer forma, por mais simples e por menor que pareça ser, de expressão do amor de Deus fluindo através de nós por meio de ações que beneficiem o próximo.
E aqui é que vemos a importância de um profundo relacionamento com Deus, de uma devoção diária, de uma dedicação íntima Àquele que é a fonte da vida, do amor e de tudo o mais que temos de bom pra oferecer. Sem essa intimidade, não temos nada a oferecer. Mas com ela, temos tudo. E tendo tudo, por que não repartir? Se a vida Dele estiver fluindo realmente em nós, não repartir, com certeza, não será uma opção. Sentiremos a necessidade de repartir, de compartilhar, de abençoar...
Assim, vale frisar que há muito mais valor na execução de alguma ação se esta estiver sendo destinada ao bem-estar do outro. E esse simples fato, por si só, já nos satisfaz. Acha isso um devaneio? Experimente e verás!